A arquitetura da minha criatividade
Sempre falo sobre a importância da verdade de uma marca.
Buscamos a essência, aquele lugar autêntico que, uma vez revelado, cria uma conexão próxima com o público. É um exercício de clareza, de destilar o complexo em uma promessa simples e poderosa.
Dediquei minha carreira a guiar empresas nesse processo. A mergulhar em seus ecossistemas, a ouvir seus ruídos e silêncios e a encontrar o fio de ouro que define seu verdadeiro valor.
Ironicamente, por muito tempo, adiei aplicar a etapa final desse mesmo processo à minha própria marca pessoal. Alguns chamam de insegurança, outros chamam de medo.
Já ouvi de muita gente que minha abordagem à estratégia foge do linear. Ouvi que enxergo padrões em meio ao caos aparente, que conecto ideias que habitam universos distantes.
De fato, minha mente parece operar com dezenas de abas abertas ao mesmo tempo. Uma atividade constante que, quando canalizada, permite uma imersão em universos e desafios de um cliente que ainda não foram colocados sob a perspectiva que eu posso trazer.
Muitos já elogiaram essa capacidade como "criatividade" ou "pensamento fora da caixa". E é. Mas há uma arquitetura por trás dela. Uma forma particular de processar o mundo.
Hoje, fico confortável e seguro para compartilhar com você que essa arquitetura tem um nome: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Longe de ser um anúncio com ares de confissão, esta é uma celebração da diversidade cognitiva. Não encaro o TDAH como um obstáculo a ser superado, mas como o sistema operacional no qual meu trabalho mais potente é executado. A inquietude que me move a não aceitar o status quo, o hiperfoco que me permite trabalhar por horas a fio em um projeto que me fascina, a própria capacidade de me distrair que me leva a descobertas inesperadas.
Tudo isso compõe o profissional que sou.
Tudo isso compõe quem eu sou.
Revelar isso é reconhecer e celebrar que os mapas mentais mais ricos não são os perfeitamente simétricos, mas aqueles cheios de rotas alternativas, atalhos e conexões surpreendentes. São esses os mapas que levam a territórios inexplorados e a marcas verdadeiramente memoráveis.
Minha verdade não é um problema, é uma diferença. E, na diferença, reside a beleza de ser único.
Ao compartilhar isto, meu objetivo é simples: reforçar a crença que me move e que aplico a cada projeto. A de que nossas vulnerabilidades, quando compreendidas e posicionadas com honestidade, não são pontos fracos. São a própria fonte de nossa força.
Afinal, o melhor posicionamento é, e sempre será, a mais pura verdade.
Um abraço,
Felipe Gondin
Excelente sua colocação! Quando se fala em tdha ligamos imediatamente a um problema quando podemos encarar como uma fonte preciosa de energia...