As gigantes do setor de alimentos estão perdendo o sabor?
Estou acompanhando de perto o que está acontecendo com algumas das maiores e mais tradicionais empresas de alimentos do mundo.
Nomes como Unilever e Kraft Heinz, gigantes que por décadas dominaram prateleiras e despensas, parecem estar em uma encruzilhada. As vendas de seus produtos, muitos deles clássicos de nossa infância (alguns de uma vida toda), estão estagnadas ou até caindo.
Será que os nossos queridos hambúrgueres, maioneses e sorvetes, que sempre foram sinônimo de conveniência e sabor, estão perdendo espaço no mercado?
O que está acontecendo?
A resposta é complexa, mas pode ser resumida em três pontos principais que, na minha visão, são os grandes desafios:
A ascensão do consumidor consciente: a nossa relação com a comida mudou. As pessoas não buscam apenas conveniência e preço; elas querem saber a origem dos alimentos, os ingredientes usados e o impacto que a sua alimentação causa no corpo e no planeta. Produtos que já foram ícones agora são questionados por conta de conservantes, açúcares e gorduras. As lupas de alto teor, inclusive, ajudam nesse sentido;
A agilidade das startups e das marcas nichadas: enquanto as gigantes tentam mover seus transatlânticos, empresas menores e mais ágeis estão surfando a onda da inovação. Com produtos proteicos, orgânicos, veganos, sem glúten ou com ingredientes funcionais, elas conquistam nichos de mercado com uma velocidade impressionante. Além de falar a mesma língua desse novo consumidor e conseguir criar comunidades leais, agora esses produtos têm uma novidade: são gostosos!
A batalha pelo espaço na gôndola: o varejo também evoluiu. Supermercados e lojas de conveniência não são mais o único palco. Com a força do e-commerce e as compras por aplicativos de entrega, o ponto de venda se pulverizou e a atenção do consumidor ficou mais disputada do que nunca. Para as marcas consolidadas, que dependem da visibilidade em grandes redes, a concorrência se intensificou.
Qual é o caminho a seguir?
Ficar parado, esperando que a maré volte a favor, definitivamente não é uma opção. Acredito que o futuro dessas empresas depende de uma mudança de mentalidade e de algumas estratégias-chave, como:
Inovação de verdade: não basta lançar uma nova embalagem ou um sabor sazonal, como os picantes da vez. É preciso repensar portfólios inteiros, cobertura dos momentos de consumo, investir em pesquisa e desenvolvimento para criar produtos que estejam alinhados com as novas demandas de saúde e sustentabilidade.
Comunicação autêntica: a transparência é a nova moeda. As marcas precisam ir além da publicidade tradicional e contar suas histórias de forma genuína. A origem dos ingredientes, os processos de produção e os valores da empresa devem ser o centro da narrativa.
Aproveitar a escala para fazer o bem: a grande vantagem dessas companhias é a escala. Elas têm o poder de impactar positivamente a cadeia produtiva, desde a agricultura até a logística. Se usarem essa força para liderar iniciativas de sustentabilidade, podem reconquistar a confiança do consumidor e impactar o ecossistema alimentar de forma consistente.
Para as gigantes, o desafio não é apenas vender mais produtos, mas manter ou reconquistar a relevância cultural.
Elas precisam provar que, mesmo com todo o seu tamanho, ainda podem ser inovadoras, transparentes e, acima de tudo, inspiradoras. Afinal, a nossa relação com a comida é mais do que apenas nutrição. É sobre cultura, saúde e prazer. As marcas que souberem honrar isso terão pontos a mais.
E você, concorda? Qual a sua aposta para o futuro dessas gigantes?
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Acho que não é só uma questão de gosto. O que rola também é uma adequação forçada à agenda ESG, marcas grandes mudando fórmula pra cumprir regra, trocando ingredientes pra cortar custo ao máximo. E o consumidor sente. A qualidade cai, o sabor muda, e aí muita gente começa a buscar versões melhores, mais artesanais ou refinadas. A tal “gourmetização” é mais uma resposta à decadência do que um capricho.